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“Por um pão mais acessível e de melhor qualidade” - Entrevista com o Presidente da ABIP

10Dez

“Por um pão mais acessível e de melhor qualidade” - Entrevista com o Presidente da ABIP

- O consumo per capita de pão ainda é muito acanhado no Brasil. Como é possível promover seu crescimento? - De fato, o nível de consumo, na faixa dos 34 quilos/habitante/ano, é pouco mais da metade dos 60 quilos/habitante/ano recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão da ONU. No entanto, países de condições sócio-econômicas similares às do Brasil, como Argentina e Chile, consomem mais de 70 quilos/ano e 90 quilos/ano. Ou seja, há espaço para crescer. Para tanto, o pão deve tornar-se mais competitivo e apreciado pelo consumidor. - E como isso seria possível? - Por duas iniciativas, basicamente. A primeira delas consiste na desoneração do produto. Apesar de ser um alimento básico, definitivamente incorporado ao cardápio do brasileiro, o pão é um produto tributado – situação que nos parece extremamente injusta. Neste sentido, a Abip está prestando todo o seu apoio para que seja aprovado o projeto de lei 63/2011, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e relatado pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO). O projeto já foi aprovado pela Comissão de Assuntos do Senado e, além de seu impacto positivo para a saúde e nutrição dos brasileiros, é também de grande importância sócio-econômica. - Em que sentido? - Na medida em que a panificação é uma grande demandadora de mão-de-obra. O setor emprega de 802 mil trabalhadores diretamente e responde por 1,85 milhão de empregos indiretos. A desoneração do pão, neste sentido, vai se traduzir no aumento do consumo do produto e na criação de milhares de postos de trabalho.É importante dizer que o setor cria um novo posto de trabalho com um investimento médio de somente R$ 14.700,00 - O senhor falou que o aumento do consumo também depende de ações para tornar o pão ainda mais apreciado pelo consumidor. - É verdade. O setor precisa investir para promover a melhoria da qualidade do produto. E a lição de casa começa a ser feita, com a realização de programas e cursos técnicos que a Abip está conduzindo e todo o Brasil, a partir do projeto de melhoria de qualidade do pão francês, com o apoio de instituições técnicas, entidades e empresas privadas.Começamos a receber padeiros franceses por meio de parceria do Senai com órgão internacional e isso é apenas o começo. - As padarias estão se transformando em autênticos centros de convivência para o consumidor brasileiro. O que está provocando essa transformação? - Foi a necessidade de o setor se reinventar, como resposta ao processo de expansão vivido pelas grandes redes de supermercados nos anos 1990, que passaram a incorporar os chamados pequenos negócios, sufocando, assim, a atividade de mercearias, quitandas, açougues, peixarias etc. Essas redes também passaram a produzir e vender pães e produtos panificados, o que levou a Abip a deflagrar um processo de modernização, passando desde a atualização em técnicas e sistemas de gestão, até à prestação de serviços diferenciados, lay-outs das lojas, processos de produção mais eficientes etc. etc. Foi uma verdadeira revolução, que resultou em novidades e comodidades para o consumidor,como a prestação de serviços de delivery, refeições, happy-hour, oferta de produtos horti-frútis, vinhos, sopas, horário de atendimento ininterrupto (24 horas), disponibilidade de wi-fi, etc. etc. E tudo isso sem perder o foco no pão, que continua e continuará sendo o carro-chefe da panificação.Vamos fortalecer ainda mais o pão dentro deste novo modelo de negócio e o caminho é a ampliação da qualidade. Fonte: Abip

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