
28Jan
Aumento de preços não dá trégua a juiz-forano
A inflação não deu trégua neste inÃcio de 2016. Os juiz-foranos que já sentem no bolso os aumentos de 2015 devem se preparar. Na Ceasa, há produtos que sofreram aumento de até 166% na comparação entre os preços praticados na segunda-feira, dia 18, e na quinta-feira da semana anterior, dia 14 (ver arte). Em relação a 2015, há produtos que triplicaram de valor. Desde o ano passado, fatores como alta do dólar, aumento da tarifa de energia elétrica e dos combustÃveis pressionam os custos, sobretudo dos alimentos, também atingidos pela sazonalidade. O Ãndice de Preços dos Supermercados (IPS) fechou 2015 em 11,33%, o maior registro desde 2003, acima do IPCA, medido pelo IBGE, que ficou em 10,67%. O aumento do salário mÃnimo este mês também favorece a indexação. Ao consumidor, resta a difÃcil tarefa de fazer as compras caberem no bolso.
A dona de casa Maria da Glória Pinto, 48 anos, diz que mudou a rotina na tentativa de economizar . “Vou mais vezes ao mercado durante a semana para aproveitar as promoçõesâ€, explica. “Tudo encareceu, então, o dinheiro acaba num instante. Fico de olho nas ofertas.†A professora Maria Cláudia Rodrigues, 34 anos, também observa os itens que estão mais baratos. “Substituo alimentos, produtos de limpeza, de higiene pessoal, e tudo mais que for possÃvel.†No Mercado Municipal, este ano, o quilo do abacate, que custava em média R$ 6,90, saltou para R$ 12,90, alta de 87%. O mesmo ocorreu com o quilo do tomate, que subiu de R$ 4,99 para R$ 8,99 (80%), o da abobrinha, que foi de R$ 2,99 para R$ 4,99 (72%), o da batata, que passou de R$ 2,59 para R$ 3,99 (54%), e o do chuchu, de R$ 2,59 para R$ 3,99 (54%).
Preocupados com a reação dos consumidores, os estabelecimentos buscam estratégias para não perder vendas. No box São Francisco, o proprietário Carlyle Lopes Barros explica que é preciso muito trabalho para fechar as contas. “Os valores aumentaram muito e não dá para repassar tudo para o cliente. Estamos em crise, e as pessoas estão sem dinheiro.†A solução tem sido diminuir a margem de lucro e distribuir parte do reajuste entre os produtos. No box Rei das Frutas, o funcionário Cláudio Marinho da Costa conta que a alternativa foi reduzir os estoques de artigos que subiram de preço e realizar ofertas daqueles que estão com valores estáveis. “Trabalhamos com perecÃveis e, se não vendermos, há perda.
O coordenador de informações de mercado da Ceasa Minas, Ricardo Martins, lembra que o aumento de preços se deve também a fatores sazonais. Além disso, destaca, o dólar impacta não só os importados, pois insumos utilizados na produção também estão atrelados à variação cambial. “Esta não é a melhor fase para os hortifrutis. A chuva afeta algumas culturas, e outras estão na entressafra. Com a redução da oferta, os preços sobem.†A expectativa é que os preços se estabilizem apenas em maio, quando o clima irá melhorar.
Supermercados
Na avaliação do superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, a expectativa é que os preços se acomodem. “De modo geral, o setor em Minas se comporta semelhante ao cenário nacional. Tivemos uma alta no ano passado em decorrência do aumento das tarifas de energia, do combustÃvel e de carga tributária. São tarifas administradas, que já chegaram ao patamar em que deveriam estar.â€
Segundo ele, os reajustes feitos no inÃcio deste ano já eram esperados. “A indústria vem segurando a inflação o quanto pode, e quando chega janeiro já trabalha com uma nova tabela. A tendência agora é de acomodação. O mercado está ofertado, e o consumidor, arredio; o jeito é segurar os preços. Quem não fizer isso, não vai vender.†Ele destaca que os produtos de higiene podem encarecer mais, visto que há poucos fornecedores do ramo.
Pão de sal pode ter novo reajuste
Após sofrer dois reajustes ao longo de 2015, motivados, sobretudo, pela alta do dólar e da tarifa de energia elétrica, o pão de sal também pode ficar mais caro para os juiz-foranos em 2016. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Sindipan-JF), os custos para a fabricação do produto continuam elevados, e a possibilidade de mais um reajuste não foi descartada. “Ainda não sabemos o que fazer, a situação continua difÃcil. Faremos uma reunião em fevereiro com os donos das padarias para discutir o assuntoâ€, explica o presidente do sindicato, Heveraldo Lima. No ano passado, o quilo do pão de sal sofreu aumento de 8% e passou a custar entre R$ 9,90 e R$ 13,90. Diante da disparada do dólar e dos dois reajustes realizados na conta de luz dos juiz-foranos, além da incidência de bandeiras tarifárias, os custos para a fabricação do pãozinho continuaram encarecendo. Em outubro, o produto teve nova alta de preços. Na época, o Sindipan-JF teve a preocupação de evitar que o reajuste não ultrapassasse o valor máximo já cobrado nas padarias, assim, o pãozinho passou a ser comercializado entre R$ 10,70 e R$ 13,90. Fonte: Tribuna de Minas(11666)