
18Jan
Brasileiro vende 10 toneladas de pão de queijo por mês na Dinamarca e vai apostar nas paletas
Quando o brasileiro Marcos VinÃcius Ferreira, de 43 anos, começou a vender pão de queijo na Dinamarca o público-alvo era o brasileiro com saudades da comida da terra natal. Isso há cerca de sete anos. Aos poucos, ele vem quebrando a barreira do hábito de consumo dos europeus e hoje vende 10 toneladas do produto por mês em 300 pontos de venda. A empresa Hr Ostebrod ainda vende mais 2 toneladas de outros salgados, como coxinha, empada e pastel.
O alimento é vendido congelado para mercados, lojas, hotéis, cafés, cantinas e creches e ainda entregue para o consumidor final. "Não é fácil. Uma coisa é você provar o pão de queijo e ficar alucinado. A outra é fazer o consumo diário do produto. Foi muito difÃcil e pensei em desistir várias vezes", diz.
Para 2016, a aposta do carioca é a paleta mexicana. Ele conheceu o produto na internet e viu o 'boom' que o produto teve no Brasil. "É um hábito do europeu comer sorvete em qualquer época", conta. Ferreira testou a aceitação do produto em alguns quiosques e vai iniciar os testes para desenvolver novas receitas.
História. Ferreira acredita que a veia empreendora vem de famÃlia. "Meu avô foi um homem bem sucedido. E estamos falando de muito tempo atrás onde o racismo era mais visÃvel no Brasil. Ele venceu na área de alfaiataria, chegou a ter ternos com a marca dele e 50 funcionários. Desde cedo ele foi uma referência", lembra o empreendedor negro.
Ainda com 8 anos, na escola, Ferreira desenhava quadrinhos, um amigo escrevia as piadas, e juntos eles vendiam para os amigos. Outra situação marcante foi quando ele assistiu o filme 'A Hora do Pesadelo' e resolveu fazer uma luva do Freddy Krueger. O produto fez sucesso, um amigo, dono de um quiosque no shopping, comprou as luvas para revender e ele chegou a produzir 2,5 mil peças para enviar ao Canadá. "Teve um Natal e ano novo que sai revirando lixo para procurar lata de óleo e de achocolatado para fazer as luvas", conta.
Ferreira sempre gostou de desenhar e foi incentivado a procurar emprego como designer na época do colegial, mas não obteve sucesso. A oportunidade só apareceu quando ele se candidatou a uma vaga braçal em uma empresa de eletrodomésticos, mas o fato de saber desenhar e sua letra despertaram o interesse do empregador. "Era para eu voltar no dia seguinte com alguma coisa pronta do que eu fazia. Comprei jornal e fui na biblioteca pesquisar anúncios da empresa. Virei a noite fazendo anúncios baseados no que vi no jornal", diz.
Foi assim que ele conquistou um emprego como designer. Em sua trajetória, Ferreira ainda foi modelo e chegou a trabalhar em Portugal e Estados Unidos. Mas decidiu retomar a empresa de designer. Com dificuldades para conquistar clientes, resolveu comprar os produtos que não eram lÃderes de categoria no supermercado e mandar ele mesmo uma nova opção de embalagem para os donos. "Nessa brincadeira consegui mais de 350 clientes", conta.
Ferreira está na Dinamarca há nove anos. Ele casou com uma dinamarquesa que conheceu no Rio de Janeiro e resolveu mudar de paÃs. A estratégia do Brasil de mandar novas embalagens para as empresas não deu certo na nova casa. "Fui fazer o que todo mundo fazia: limpar", conta Ferreira, que ainda trabalhou como empacotador, lavou louça em restaurante e em sorveteria.
O pão de queijo entrou na vida do empresário quando ele conheceu uma brasileira, que fazia o produto, e ele então decidiu aprender a fazer o salgado. O pão de queijo começou a fazer sucesso, ele contou com a ajuda de um amigo que trabalhava na empresa de trem da região onde moravam para fazer as entregas de AArhus até Copenhague durante as paradas nas estações. "Ele sabia o horário de todas as paradas e eu já deixava tudo agendado no dia anterior", conta.
Com o crescimento da empresa, Ferreira decidiu investir em novos produtos e mudar-se para Copenhague com a segunda mulher, Olga Somova, que é russa, cuida da contabilidade. Hoje, além da empresa de alimentação, o empresário tem uma agência de publicidade e uma consultoria.
Fonte: Estadão
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